Viagem pro Futuro

Bandersnatch: um jeito Black Mirror de fazer Cinema

Em dezembro de 2018 a Netflix disponibilizou em seu catálogo o primeiro filme interativo voltado para o público adulto

Black Mirror: Bandersnatch foi escrito pelo criador da série Charlie Brooker juntamente com a produtora Annabel Jones e dirigido por David Slade, e foi lançado como o primeiro filme independente da renomada série do streaming. 

Em estilo de livro-jogo, também conhecido como “escolha sua aventura”, gênero criado em meados dos anos 70, o filme conta com mais de 5 horas de material e permite que o espectador faça escolhas durante a trama, que influenciam o rumo que a história seguirá. Após seu lançamento foi divulgado que existiriam cinco finais possíveis para o filme, porém, segundo Brooker e Jones há centenas de ramificações diferentes e que, talvez, nunca sejam descobertas. 

Para que essa tecnologia fosse possível, a equipe de produção da Netflix precisou criar uma ferramenta de interação intitulada Branch Manager, que viabilizava a interação entre jogador e filme. São sempre duas opções disponíveis por 10 segundos na tela, antes que a história progrida. 

Desde seu lançamento, dezenas de especulações sobre descobertas de novos conteúdos dentro do filme são divulgadas todos os dias pela internet. Uma das mais recentes foi a de um sinal sonoro de alta frequência, contido em uma opção onde Stefan (Fionn Whitehead), personagem principal da série, tem de escolher qual música irá tocar em seu trajeto de ônibus até a empresa de games Tuckersoft. 

Fãs descobriram que estes sons na verdade se tratam de dados para  ZX Spectrum, um microcomputador europeu de 8 bits criado na década de 80 e utilizado na trama pelo personagem principal para programar seu jogo. Estes sons produzem um QR Code que nos envia ao site fictício da Tuckersoft, onde temos acesso a capas e perfis de jogos criados pela empresa, como o famoso “Metl Hedd” do personagem Colin Ritman e “Nohzdyve”, que você poderá jogar utilizando um emulador em seu computador.

Com a convergência midiática, conceito criado por Henry Jenkins que designa a tendência que os meios de comunicação estão aderindo de se complementarem e se adaptarem a diferentes plataformas, conteúdos audiovisuais deste gênero serão cada vez mais comuns e o nível de interatividade entre espectador e obra, cada vez mais avançado. 

Outras experiências

Porém, não é de hoje que pessoas estão criando conteúdo de vídeo interativo para internet. Por volta de 2008 o YouTube, a mais famosa plataforma de compartilhamento de vídeos do mundo, lançou a ferramenta “YouTube Annotations” que permitia entre outras finalidades criar links entre vídeos. Foi assim que surgiram os primeiros vídeos interativos.

O Labirinto, 2010. Filme interativo produzido como TCC de um grupo de alunos da Unesp para o curso de Rádio e TV.

Em 2011 chegou ao Facebook App o curta interativo de terror Take This Lollipop,  escrito e dirigido por Jason Zada. Nele, os dados de sua conta do Facebook conectados ao aplicativo possibilitam que o filme utilize fotos e mensagens suas, fazendo com que você vire um personagem da trama. Nela, um maníaco vivido por Bill Oberst Jr. busca informações suas na rede social, checando seus posts e informações de localização de maneira perturbadora e indo de carro atrás de você ao final do curta. Ele serve como alerta para os perigos da exposição exagerada nas mídias sociais. 


O que você acha que será possível fazer nos filmes do futuro? 

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